Conteúdos informacionais para orientação de médicos na condução de seus pacientes.

Tireoide, Cabeça e Pescoço

· Diagnóstico:

Tireoide

Ultrassonografia (modo B ou escala de cinza ou convencional)

A partir da década de 80, a ultrassonografia vem ampliando seu papel no diagnóstico e na avaliação da glândula tireoide, principalmente do nódulo, incluindo o câncer de tireoide, em especial em populações de maior poder aquisitivo. A melhora na qualidade da imagem no modo convencional (escala de cinza) contribuiu muito para isso, além do maior acesso ao exame principalmente nos grandes centros urbanos. É um exame capaz de avaliar o número de nódulos, dimensões, localização, características morfológicas dos nódulos (modo B ou convencional), adicionalmente da vascularização (Doppler colorido) e da rigidez do nódulo (Elastografia); bem como avaliar sinais potenciais de agressividade, a glândula como um todo e de identificar presença ou não de linfonodopatia (gânglios ou “ínguas”) associadas ao câncer.  Os achados ultrassonográficos mais associados à malignidade são: (1) composição ou natureza sólida (ser sólido); (2) a hipoecogenicidade (nódulo mais escuro que o tecido tireoidiano normal, e tão ou mais escuro que a musculatura pretireoidiana); (3) a presença de calcificações, em especial as microcalcificações e as calcificações periféricas interruptas associadas a halo espesso (“casca de ovo estragado”); (4) a margem ou contorno irregular ou microlobulado e (5) a altura maior que largura ou diâmetro transverso e/ou longitudinal). Outros com menor potencial de associação para malignidade, como macrocalcificações, ausência de halo e halo espesso e irregular, não devem ser negligenciados. O Doppler colorido e a elastografia tem papel adicional importante no diagnóstico. 

Doppler colorido

A presença de fluxo predominantemente central (padrão Chammas IV) ou hiperfluxo ou fluxo caótico, que significa apresentar o fluxo no interior do nódulo maior que o periférico e/ou exclusivamente central (padrão Chammas V), quando o fluxo é exclusivamente no centro do nódulo, estão mais relacionados a nódulos malignos. Já a presença de fluxo periférico maior ou igual a central (Chammas III), a presença de fluxo exclusivamente periférico (Chammas II) ou a ausência de fluxo (Chammas I) estão mais relacionados a nódulos benignos, no entanto, não excluem malignidade.

Elastografia

É o método que avalia a rigidez do nódulo, que simula a palpação clínica, partindo do princípio que câncer é duro. Sendo assim os nódulos com padrão de rigidez maior tem maior chance se ser malignos e vice-versa. É um método adicional útil, mas pouco difundido por uma questão econômica.

Estratificação de risco

Estratificar significa separar em grupos. Através de todos esses achados de imagem, além da localização do nódulo junto à cápsula tireoidiana, ou sinais de extravasamento extracapsular (tumor extravasa para fora da tireoide), ou junto à traqueia, e as suas dimensões são fatores muito importante, para estratificamos o risco de malignidade e potencial agressividade. Os nódulos com maior potencial para serem cânceres serão submetidos à punção aspirativa por agulha fina (PAAF) de tireoide, que é o principal meio de diagnóstico de câncer de tireoide, ou até mesmo à cirurgia.

 


Importante lembrar que o padrão morfológico (escala de cinza) é o mais importante na estratificação que o Doppler colorido e a elastografia de modo isolado. Os métodos se somam e quanto mais achados suspeitos um nódulo apresentar, maior a chance de ele ser maligno. Não há um achado suspeito que isoladamente possa imputar malignidade. No entanto, a presença de linfonodopatia cervical suspeita, nos remete à busca incansável de um nódulo maligno.

Linfonodos Cervicais

Os linfonodos (gânglios) e ductos linfáticos são estruturas localizadas fora do sistema sanguíneo que fazem parte do sistema imunológico, estão presentes em todo o corpo e tem como principal objetivo ajudar na defesa do organismo.

Os linfonodos atuam como um “filtro” removendo os agentes lesivos. Na região da cabeça e pescoço (cervical), em particular, existe uma vasta rede de ductos linfáticos e linfonodos (superficial e profunda), para combater doenças infeciosas, inflamatórias, autoimunes (o organismo cria células que atacam as células normais de tecidos e órgãos) e malignas (câncer) de diversos órgãos (tireoide, do próprio sistema linfático, glândulas salivares, pele, etc.).

Os ductos linfáticos são vias de disseminação também do câncer, principalmente o de tireoide, base de língua e glândulas salivares. Qualquer dessas doenças pode levar a aumentar de tamanho dos linfonodos (linfonodomegalia).

Dependendo do tamanho e da localização serão vistos e/ou palpados (“ínguas”). A avaliação inicial do médico (história clínica e exame físico), exames laboratoriais e de imagem, em especial a ultrassonografia, são fundamentais para (1) diferenciar linfonodos reacionais, reativos às doenças benignas, ou suspeitos, acometidos por disseminação de doenças malignas regionais ou por câncer do sistema linfático (linfomas); (2) sugerir hipóteses diagnósticas; e (3) selecionar os linfonodos em que a punção aspirativa por agulha fina (PAAF) ou, em alguns casos, a core biopsy, podem ser uteis.

No caso da disseminação de tumores de tireoide, a forma arredondada, presença de calcificações, em particular de microcalcificações (puntiformes), de áreas císticas (necrose), de áreas ou focos semelhantes ao tecido tireoidiano (implantes) no interior do linfonodo e a presença de fluxo difuso ou na periferia, são características que somadas impõe um alto grau de suspeição, principalmente no mesmo lado de um nódulo tireoidiano suspeito ou de um câncer previamente operado. 

No caso de tumores de base de língua, o tamanho aumentado, a localização submandibular e a presença de áreas císticas (necrose) implicam em suspeição. Já no caso de doenças sistêmicas (infecciosa ou tumoral, como o Linfoma) a presença de linfonodomegalias de forma disseminada e bilateral alerta a possibilidade, no entanto a associação com outros exames de imagem e laboratoriais se faz necessária.

Nos casos de processo inflamatório local, como o de origem dentária ou de pele, por exemplo, linfonodomegalia (s) regional(is) podem surgir.

Glândulas Salivares

As glândulas salivares maiores (parótidas e submandibulares) e menores (sublinguais) são acometidas por doenças infeciosas, inflamatórias, obstrutivas (cálculos), autoimune (organismo produz anticorpo contra as células de tecidos ou órgãos) e por tumores, sendo que a grande maioria deles é benigna, principalmente nas parótidas.

O principal sinal é a presença de um caroço ou aumento da glândula como um todo.  A avaliação inicial do médico (cirurgião de cabeça e pescoço ou otorrinolaringologista), exames laboratoriais e de imagem, em particular a ultrassonografia, são fundamentais para as hipóteses diagnósticas.

Na maioria absoluta dos casos a punção aspirativa por agulha fina (PAAF) é adotada como opção diagnóstica. No entanto, depende do caso, a cirurgia será a conduta tomada como primeira escolha.

Procedimentos Diagnósticos

Punção Aspirativa por Agulha Fina Guiada por Ultrassonografia (PAAF)

A punção da tireoide por agulha fina é um procedimento simples e rápido que consiste na coleta de uma mínima quantidade de líquido de um ou mais nódulos da tireoide ou de outro órgão ou região, através da introdução de uma agulha fina, como a de uma injeção comum. O material colhido é distribuído em lâminas, onde são feitos esfregaços, chamada análise citológica ou citopatológica. O restante do material é colocado num frasco contendo álcool ou formol, chamado de Cell Block ou histopatológico. Ambos serão analisados pelo patologista.

  • Todo paciente receberá um laudo com a descrição do procedimento.
  • Limitação do procedimento
    1. Em poucos casos (10 a 15%), o diagnóstico pode ser inconclusivo ou não diagnóstico (no caso da tireoide, categoria I da classificação Bethesda), mais frequente em nódulo: cístico (conteúdo líquido), misto (preenchido parcialmente por líquido), predominantemente cístico (preenchido quase que totalmente por líquido), pois o líquido não contém células e o diagnóstico de benigno ou maligno é feito principalmente na presença dessas células. E também em nódulo: móvel ao procedimento, muito pequeno, em local de difícil acesso ou calcificado. Não temos como saber se no ato da coleta o líquido colhido tem um número suficiente de células para a análise precisa.
    2. Muitas vezes o resultado de não diagnóstico ou inconclusivo gera uma frustração no paciente e até no médico assistente. Dá a impressão que o procedimento não foi bem feito ou que o patologista não foi capaz de dar o diagnóstico. É fato que a experiência dos profissionais que atuam no procedimento é um fator relevante, mas não o único a determinar o seu sucesso.

Na minha experiência o principal motivo é a natureza mista ou predominantemente cística do nódulo. Quanto mais líquido o nódulo tiver mais chance tem de ser benigno, no entanto a chance de não diagnóstico é maior também.

Como solicitar o procedimento.

  • Punção aspirativa por agulha fina de tireoide (ou outro órgão/região/estrutura) guiada por ultrassonografia.
    • Neste caso será realizado somente o procedimento.
    • Alguns médicos descrevem algumas informações sobre o nódulo puncionado, no entanto, o objetivo primordial é a orientação do procedimento.
  • Ultrassonografia de tireoide (ou outro órgão/região/estrutura) com Doppler colorido.
    • Neste caso todas as informações sobre o exame ultrassonográfico serão contempladas.
    • Nota: A maioria dos convênios não acata a solicitação do exame ultrassonográfico sem o Doppler colorido Não necessita de preparo especial e nem de jejum.
  • Ultrassonografia da região cervical com Doppler colorido
    • Em casos em que a lesão a ser puncionada é extratireoidiana, p.e., um linfonodo. Pode ser pedido neste caso como punção de linfonodo cervical.
    • Ou em casos que o médico assistente queira que seja feito um exame detalhar da região cervical, além da tireoide, com p.e., a busca de linfonodopatias.
  • Ultrassonografia da região gandulas salivares (parótida ou submandibular) com Doppler colorido
    • Vale a pena ressaltar a glândula a ser investigada.
    • Em casos em que a lesão a ser puncionada é extratireoidiana, p.e., um linfonodo. Pode ser pedido neste caso como punção de linfonodo cervical.
  • Informações e esclarecimentos
    1. Não necessita de jejum.
    2. Não há necessidade de suspender medicamentos “que afinem o sangue”, como ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina, Melhoral, Buferin, etc), Plavix, Persantin, Ticlid, Ginko Biloba, Vitamina E, Tanakan, Tentral (Pentoxifilina, etc.). Caso use mais de um desses medicamentos, um deles deverá ser suspenso. O médico que prescreveu deve optar por qual o medicamento parar.
    3. Há necessidade de suspender o uso de anticoagulantes. Sugestão de tempo mínimo de suspensão:
      1. 24 horas antes do procedimento: Clexane.
      2. 2 dias: Pradaxa (Dabigatran), Xarelto (Rivaroxaban), Eliquis (Apixaban).
      3. 5 dias: Varfarin, Marevan, Cumadin, Marcoumar.
    4. O medicamento suspenso poderá ser reiniciado 2 horas após o procedimento, caso não haja qualquer sintoma.
    5. Em poucos casos, o procedimento poderá ser feito no uso desses medicamentos, já que o risco de uma complicação cardiovascular devida à interrupção deles seja relevante, sob a anuência dos médicos executante e assistente, pois aumenta a chance de haver algum hematoma importante.
    6. Após o exame o paciente poderá realizar as suas atividades normais.

Citopatológico e Cell Block (Histopatológico)

  • Faça a solicitação em guia separada do procedimento.
  • O paciente necessitará dela para o laboratório de patologia clínica e a clínica que faz o procedimento necessitará do pedido para o procedimento.
  • Se você tem uma preferência de laboratório ou patologista informe ao paciente, escreva no seu pedido. Caso contrário ele será encaminhado ao laboratório pelo médico executante.
  • Sempre solicite os dois (citopatologia e Cell block). Apesar de a citopatologia ser na imensa maioria das vezes determinante no diagnóstico, o Cell block pode auxiliar, e em algumas vezes ele pode ser determinante neste processo.
  • Esse tipo de material não tem prazo de validade, não estraga e não necessita de geladeira para sua conservação.

Dosagens de Tireoglobulina, Calcitonica e Paratormônio (PTH) no lavado da agulha

1. Essas dosagens são feitas de forma adicional no próprio material usado para o exame patológico que restou dentro da seringa após adicionar cerca de cerca de 1 ml de soro fisiológico. Pode ser feita a dosagem de mais de uma substância no mesmo material. Muitas vezes o resultado é determinante para o diagnóstico da doença metastática da tireoide (linfonodos ou gânglios), no caso do carcinoma papilífero a tireoglobulina é encontrada e no caso do carcinoma medular, a calcitonina é encontrada. As dosagens também podem ser usadas na diferenciação entre um nódulo de origem tireoidiana (tireoglobulina) e paratireoidiana (paratormônio ou PTH).

2. Faça solicitação da dosagem adicional no pedido da PAAF também para o setor que marcar o exame e para o médico executante estar atento a isso.

3. Faça a solicitação da dosagem pertinente ao caso, separada do pedido da PAAF e da citopatologia e cell block. Da mesma maneira, o paciente necessitará desse pedido para o laboratório de análise patológica.

  1. Esse material deverá ser enviado imediatamente após o procedimento ao laboratório de análises clínicas, pois o material pode deteriorar e inviabilizar a mensuração.
  2. Em nódulo da tireoide:
    1. Dosagem de calcitonina adicional é muito importante na possibilidade de ser carcinoma medular. Muitas vezes fecha o diagnóstico.
    2. Dosagem de paratormônio (PTH) é imprescindível na possibilidade de estarmos diante de uma paratireoide aumentada de volume (nódulo aderido à superfície posterior e/ou inferior da tireoide), que raramente tem localização intratireoidiana e que porventura tenha sido diagnosticado como nódulo tireoidiano, mesmo sem suspeita clínico-cintilográfico-laboratorial da origem paratireoidiana. A diferenciação entre as células foliculares e parafoliculares é muito limitada à citopatologia, e a presença de paratormônio (PTH) no material, num valor acima do nível sérico fecha o diagnóstico em favor da origem paratireoidiana.
  3. Em linfonodos cervicais:
    1. Dosagem de tireoglobulina adicional é imprescindível na possibilidade de metástase para linfonodo de carcinoma papilífero.
    2. Dosagem de calcitonina adicional é imprescindível na possibilidade de metástase de carcinoma medular.
    3. Dosagens de paratormônio (PTH) e tireoglobulina são imprescindíveis na possibilidade de estarmos diante de uma paratireoide que pode se assemelhar a uma linfonodopatia decorrente de um carcinoma papilífero ou de uma tireoidite linfocitária crônica (Hashimoto).
      • Como interpretar esse resultado?
        1. PTH (+) e tireoglobulina (-) ou (+): paratireoide
        2. PTH (-) e tireoglobulina (+): tireoide
        3. PTH (-) e tireoglobulina (-): possibilidade de material inviável ou insuficiente para o diagnóstico laboratorial.

Biópsia aspirativa por técnica de coágulo

Consiste na retirada de material do nódulo através de uma agulha mais grossa (30 x 12 mm ou 19G), após uma anestesia local feita com agulha fina.

Esta técnica consiste em retirar predominantemente tecido prioritariamente para o estudo histopatológico (cell block), e também para o citopatológico.

É uma biópsia um pouco mais traumática que a feita com agulha fina, mas menos traumática que a core biópsia (descrita abaixo). Executando um tempo maior de compressão e repouso imediato, os cuidados pós-procedimentos são basicamente os mesmos aos da punção por agulha fina.

Core biopsy ou biópsia por agulha grossa ou de fragmento

Consiste na retirada de fragmentos do nódulo ou massa, para posterior análise pelo patologista do material colhido.

Este tipo de biópsia é empregado de rotina nos procedimentos de mama e próstata. O material é constituído por tecido e células (histopatológico), diferentemente do material citológico (células).

Este material é mais rico em informação que os materiais dos procedimentos referidos anteriormente. É uma biópsia mais traumática que as anteriormente descritas.

Necessita de tempo ainda maior de compressão, repouso e gelo local, algumas vezes analgésico e/ou anti-inflamatórios são associados para melhorar a sintomatologia. Como a PAAF é diagnóstica em cerca de 90% dos casos, esse tipo de biópsia é reservado para caso especiais.

Leia o Consenso informado tem como objetivo explicar de forma simples sobre o preparo, o que é e como fazemos o procedimento, suas limitações e potenciais consequências, talvez suas dúvidas sejam sanadas.

Procedimentos Terapêuticos Minimamente Invasivos

O principal objetivo desses procedimentos é reduzir a sintomatologia e/ou amenizar a questão estética, com custo menor e menor tempo de recuperação. Evitar uma cirurgia e/ou algum dano estético por opção médica e/ou do paciente e em pacientes que não tenham condições cirúrgicas. Contraindicados, atualmente, em nódulo suspeito para malignidade. Não são indicados em grandes bócios multinodulares. Dependendo do procedimento, pode haver como complicação uma dor local fugaz ou raramente algum dano temporário ao nervo laríngeo recorrente (rouquidão), principalmente em lesões posteriores.

Esvaziamento de cisto

Consiste em esvaziar um cisto ou a parte líquida (cística) de um nódulo misto. Em muitos casos conseguimos esvaziar todo o conteúdo, principalmente se for um conteúdo líquido límpido (cisto simples). Embora algumas vezes não consigamos esvaziar completamente o conteúdo líquido, a redução do volume do cisto já é o suficiente para cessar a sintomatologia (p.e. dificuldade de engolir) ou a questão estética (caroço aparente). Em poucos casos o cisto enche logo depois do procedimento e outros levam mais tempo a encher.

Vantagens: custo similar ao de uma punção aspirativa, baixíssimo em relação à cirurgia.

Alcoolização ou Escleroterapia ou Injeção Percutânea de Etanol (IPE)

1. Cisto

Consiste em esvaziar um cisto ou a parte líquida (cística) de um nódulo misto e introduzir uma pequena quantidade de álcool absoluto. A quantidade de álcool dependerá do volume do cisto. Pode ser a primeira opção de tratamento, ou a segunda após um esvaziamento limitado inicial. Alguns médicos solicitam já inicialmente a alcoolização, principalmente quando se trata de cisto complexo (conteúdo líquido espesso, p.e. sangue, ou contendo partículas, septos ou pregas) por ser mais resolutiva. Dependendo do tamanho do cisto uma ou mais sessões serão necessárias. Somente o acompanhamento ultrassonográfico responderá esta questão. E por muitas vezes o cisto vai reduzindo no decorrer da primeira sessão, quer dizer, na maioria das vezes o sucesso total do tratamento não é imediato, mas a sintomatologia e/ou o caroço desparecem com o tempo. Normalmente a injeção do álcool não dói, mas algumas vezes sensação de ardência ou queimação é referida. Raramente há dor intensa.

Vantagens: eficaz, muito mais barata e rápida que uma cirurgia. Desvantagem: pode necessitar de mais uma sessão.

Após o procedimento recomendações escritas serão dadas ao paciente para sanar qualquer sintomatologia.

  1. Nódulo de tireoide ou de paratireoide
    1. Nódulo misto (sólido-cístico). Neste caso a parte líquida (cística) dele será esvaziada, e preenchida com álcool absoluto. Da mesma maneira que a alcoolização de um cisto, a necessidade de uma ou mais sessões e o sucesso total do tratamento serão determinados durante o acompanhamento ultrassonográfico. A sintomatologia pós-procedimento também é semelhante a do cisto. Há necessidade de uma punção aspirativa por agulha fina (PAAF) com citologia benigna. Após o procedimento recomendações escritas serão dadas ao paciente para sanar qualquer sintomatologia.
    2. Nódulo sólido. Neste caso não haverá esvaziamento e somente a introdução de uma pequena quantidade de álcool absoluto. A quantidade de álcool dependerá do volume do nódulo. A necessidade de uma ou mais sessões e o sucesso total do tratamento serão determinados durante o acompanhamento ultrassonográfico. Uma dor aguda, local e fugaz é referida pelos pacientes, no entanto, em segundos é aliviada até o seu desparecimento total.  Há necessidade de uma punção aspirativa por agulha fina (PAAF) com citologia benigna.

Vantagem: é uma alternativa mais barata que os demais procedimentos minimamente invasivos ou a cirurgia. Sua indicação é em casos específicos. 

Desvantagem: dor no momento do procedimento.  Após o procedimento recomendações escritas serão dadas ao paciente para sanar qualquer sintomatologia.

Ablação por Radiofrequencia

É um procedimento promissor que tem por objetivo reduzir o tamanho do nódulo sólido em até cerca de 80 % do seu volume. Consiste na introdução de uma agulha conectada a um gerador, que emite um feixe de calor intenso (80 a 100°C), levando à necrose celular. Atualmente não é feito em larga escala, principalmente por questões econômicas. O procedimento pode ser feito ambulatoriamente, no entanto, no nosso meio é feito sob sedação anestésica em regime hospitalar. Há necessidade de uma punção aspirativa por agulha fina (PAAF) com citologia benigna.

Vantagem: a redução volumétrica de 50 a 90% do volume inicial no seguimento ultrassonográfico. Pode ser feito ambulatoriamente e com anestesia local, ou sedação anestésica.

Desvantagem: é um procedimento ainda restrito e caro no nosso meio, bem mais caro que uma alcoolização.

Procedimentos Pré-Cirúrgicos

Marcação de Linfonodo ou Nódulo por Carvão Ativado

Procedimento rápido (minutos) que consiste na impregnação de carvão líquido através de injeção de cerca de 1 ml em um linfonodo pré-selecionado. O principal objetivo é corá-lo (preto) e proporcionar uma visão clara do linfonodo a ser retirado no ato cirúrgico, já que a presença de outros linfonodos, a posição mais profunda e a presença de fibrose e distorção dos tecidos do pescoço previamente operado, podem dificultar a localização do linfonodo suspeito.

Vantagens: custo similar à de uma punção aspirativa, bem tolerável, num mesmo procedimento outros linfonodos podem ser marcados e, não há necessidade de cirurgia imediata (até um mês). Qualquer nódulo, massa ou estrutura não vascular pode ser submetido a este procedimento.

Próstata

Biópsia de Próstata

É o procedimento que consiste na retirada de fragmentos da próstata. No caso da biópsia transretal, a mais comumente utilizada, ela é feita através da introdução de uma sonda (transdutor) de aparelho de ultrassonografia através do ânus.

Pela íntima relação da glândula prostática com a parede anterior do reto (parte final do intestino grosso) a glândula é avaliada de uma forma geral, com especial atenção para a identificação de lesões suspeitas ou a confirmação das lesões previamente detectadas clinicamente e/ou por outros métodos de imagem referidos anteriormente. Transfixando a parede do reto colhemos fragmentos filiformes da próstata.

Podemos fazer de forma aleatória (randomizada), tirando poucos fragmentos de cada região, ou mais direcionada numa lesão suspeita. Assim, havendo alguma alteração ao toque, à ultrassonografia, à ressonância magnética, ao Pet Scan, ou em caso de vigilância ativa (“active surveillance”), quando o paciente é portador de câncer e sujeito a um protocolo de acompanhado ativo, será feita uma retirada de um maior número de fragmentos da região em questão.

O número de fragmentos depende de cada caso e quanto mais fragmentos tirarmos da área suspeita, mais material teremos para uma análise patológica eficiente. O material será enviado para o estudo patológico.

A punção é um procedimento seguro em pacientes sadios ou com doenças sistêmicas controladas. Na maioria dos casos a principal consequência imediata do procedimento é o sangramento na urina e fezes. Em poucos casos um incômodo local é referido ou sensação de querer urinar várias vezes, mesmo já tendo urinado previamente. O sangramento retal importante após o exame é pouco frequente, no entanto pode haver, principalmente nas duas primeiras evacuações, às vezes saindo sangue vivo.

Neste caso, geralmente o sangramento se limita ao período imediato pós-procedimento. A infecção é uma complicação rara nos pacientes que seguem à risca o preparo, que inclui antibiótico profilático e recomendações pós-procedimento.

Sedação Anestésica

A sedação anestésica é um procedimento realizado com a intenção de minimizar a ansiedade e angústia do paciente, provocadas pela realização e pelo resultado de uma biópsia, além de acabar com o desconforto ou a dor ocasionada pelo procedimento.

Optamos por realizar exclusivamente em regime hospitalar (“day clinic”: internação por horas  ou no período diurno) por uma questão de maior conforto e segurança. Com esse intuito seguimos um protocolo pré-anestésico, que inclui no mínimo o risco cirúrgico, hemograma, coagulograma e eletrocardiograma (ECG).

Demais exames complementares serão solicitados dependendo de cada caso.  Este procedimento é feito por um anestesista, e consiste em administrar medicamentos por via endovenosa (veia) com constante monitorização clínica através de aparelhos próprios durante todo o procedimento, no intuito deste transcorrer de maneira segura e eficaz.

Atualmente nos grandes centros, a sedação é utilizada rotineiramente para realização de alguns procedimentos, como o de biópsia de próstata. Mas devem ser feita em crianças menores de 10 anos, pacientes portadores com alguma deficiência cognitiva ou que que não consigam suportar a realização de procedimentos de tireoide, cabeça e pescoço, mama ou de outro órgão ou estrutura.

Aulas e Materiais

O conteúdo informativo do site tem como objetivo esclarecer de forma simples sobres as doenças mais comuns (tireoide/cabeça e pescoço e próstata), como são os procedimentos, as suas peculiaridades e as dúvidas frequentes.

 


Fontes:

DELFIM,R.L.C. Uma nova proposta para THYROID IMAGING REPORTING DATA SYSTEM (TIRADS): correlação entre achados ultrassonográficos e o sistema de classificação citológica Bethesda. 2015. Dissertação (Mestrado em Medicina). Serviço de Endocrinologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ.

DELFIM, Ricardo Luiz Costantin et al. Likelihood of malignancy in thyroid nodules according to a proposed Thyroid Imaging Reporting and Data System (TI-RADS) classification merging suspicious and benign ultrasound features. Arch. Endocrinol. Metab., São Paulo ,  61, n. 3, p. 211-221, June 2017.

Instituto Nacional do Câncer José de Alencar Gomes da Silva (INCA). Rio de Janeiro. Estimativa 2018: Incidência de câncer no Brasil. Disponível em:< https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2018-incidencia-de-cancer-no-brasil>. Acessado em 22 de Junho de 2018.

LI N, Du XL, Reitzel LR, Xu L, Sturgis EM. Impact of enhanced detection on the increase in thyroid cancer incidence in the United States: review of incidence trends by socioeconomic status within the surveillance, epidemiology, and end results registry, 1980-2008. Thyroid. 2013;23(1):103-10.

ROSÁRIO PW, Ward LS, Carvalho GA, Graf H, Maciel RM, Maia AL, et al. Thyroid nodule and differentiated thyroid cancer: update on the Brazilian consensus. Arq Bras Endocrinol Metab. 2013;57(4):240-64.

HAUGEN BR, Alexander EK, Bible KC, Doherty GM, Mandel SJ, Nikiforov YE, et al. 2015 American Thyroid Association Management Guidelines for Adult Patients with Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer: The American Thyroid Association Guidelines Task Force on Thyroid Nodules and Differentiated Thyroid Cancer. Thyroid. 2016;26(1):1-133.

GHARIB H, Papini E, Garber JR, Duick DS, Harrell RM, Hegedüs L, et al.; American Association of Clinical Endocrinologists, American College of Endocrinology, and Associazione Medici Endocrinologi Medical Guidelines for Clinical Practice for the Diagnosis and Management of Thyroid Nodules–2016 Update. Endocr Pract. 2016;22(5):622-39.

Dr. Ricardo Delfim

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